quinta-feira, 15 de abril de 2010

A CHUVA E O TEMPO

Acredito que a noite de ontem deve ter sido diferente para muitos de vocês. Graças a Deus estava em casa, abrigada nesse dilúvio, apesar de ficar ilhada das 17h às 18:30h e ver um atropelamento, acredito que as minhas aflições não se comparam a da maioria da população soteropolitana e metropolitana.
Quanto ao atropelamento, após 15 minutos de espera aflita, a ambulância da SAMU chegou, prestou os primeiros socorros à vítima e aparentemente não houve nada de grave.
Aqui na cidade-baixa as ruas alagaram. Em alguns locais nem carro passava. Pessoas ilhadas, algumas sem poder chegar em casa, outras sem poder sair.
A minha palestra no centro foi cancelada,  será no próximo dia 28.
A nossa escola ficou alagada, lama, lixo, baratas, cobra, esse era o cenário hoje pela manhã. Por causa da chuva o prefeito resolveu suspender as aulas e as eleições que seriam hoje. Porém, ainda não agendaram nova data.
Em Santo Amaro, o rio Subaé subiu 2 metros acima do nível e pela TV vi as imagens das ruas que viraram córregos, me fazendo reviver a enchente que enfretamos em 1989 quando não tivemos prejuízos materiais , mas acompanhamos o sofrimento dos nossos conterrâneos que perderam casa, móveis e alguns até a vida. Lembro-me de como a cidade ficou destruída naquele mês de maio e a comoção de todos.
Na enchete de ontem a minha família de lá não foi atingida pelas águas porque moram em uma rua na parte mais alta da cidade.
Pra ser sincera não sei bem o que escrever sobre esses acontecimentos. Vendo as imagens dos estragos da chuva na nossa cidade hoje nos telejornais e o desespero das pessoas em meio às forças das águas, pude perceber que as conseqüências da chuva não escolheram classe social. É verdade que os pobres (como sempre) foram os mais castigados, contudo as classes mais favorecidas também passaram por dificuldades durante a noite e a madrugada. E o lamento era o mesmo nas entrevistas: a perda daquilo que levaram muito tempo para comprar.
Brincamos com a natureza, invadimos seu espaço e não pensamos nas conseqüências.
Estamos dia-a-dia  focados no trabalho, juntando dinheiro, fazendo dívidas para realizar os nossos sonhos de consumo: casa, carro, TV, DVD, celular, cama, computador, geladeira entre tantos outros e nem pensamos em como o meio ambiente está sendo modificado e o quanto nos entregamos de forma displicente apenas ao progresso material.
No entanto, de uma hora pra outra esse mesmo meio ambiente desprezado destrói tudo aquilo (ou parte) do que você levou tanto tempo para adquirir. O que você vai fazer? Se lamentar por ter perdido aquilo que você trabalhou tanto tempo para comprar? Culpar a Deus, porque ele sabe todo sacrifício que você fez para conseguir?
Será que Deus tem realmente alguma coisa a ver com isso? Ou isso tem a ver com o quê você acabou de constatar: que mais que perder "bens" você perdeu TEMPO?
TEMPO, moeda preciosa que foi utilizada exclusivamente para adquirir coisas materiais. Quantas vezes deixamos de aproveitar um por do sol, caminhar na areia, brincar com nossos filhos porque precisamos usar o nosso tempo para trabalhar (para ganhar dinheiro) e não podemos de jeito nenhum "perder tempo"?
Frente ao prejuízo material, Deus nos dá a oportunidade de perceber quanto perdemos de tempo, cultivando aquilo que não podemos levar conosco quando fizermos a passagem.
É o momento de revermos os valores que estamos cultivando.
É preciso trabalhar? Sim! É justo buscarmos uma vida confortável, mas o equilíbrio é necessário. E já que gastamos nosso tempo para ganharmos dinheiro, usemos parte dele para alimentar o nosso espírito. Como? Sinceramente não tenho a fórmula perfeita, nem receitas prontas. Mas se ao fazermos planos, orçamentos para o nosso salário reservarmos um pouco para uma viajem ou um simples passeio com aqueles que amamos à lugares onde possamos apreciar a natureza (belíssima obra de Deus) e um pouco para a caridade já deve fazer alguma grande diferença.
Precisamos ainda reavaliar como utilizamos o nosso tempo. Esse sim é precioso!! Temos que ter tempo para nossa família, nossos amigos, para a caridade e principalmente para nós mesmos, não se esquecendo de estudar a doutrina espírita, porque conhecer e entender a vida futura é o melhor e maior patrimônio construído para o nosso progresso e retorno a vida espiritual.
Oremos a Deus pedindo "bens" mais preciosos como paciência, resignação e fé para cumprirmos nossas provas nessa experiência carnal. Peçamos a ele também que nos ajude a sermos pessoas melhores moralmente. E, independente do que nos venha acontecer (de bom ou de ruim), agradeçamos por tudo que temos recebido.
Paz e Bem.
Beijinho.
Elizangela Matos

Um comentário:

  1. Nem fala, o tempo em nossos dias, vale ouro.
    Nunca vi tanta correria, é um sufoco!
    Beijos

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